Raúl, um líder preclaro da Nossa América

14/04/2018 12:15
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Raúl Castro, presidente de Cuba, no ato pelo 13o aniversário da fundação da ALBA. Foto: Estudio Revolución

O pensamento político do general-de-exército, Raúl Castro Ruz, surgiu em meio das lutas revolucionárias e da visão partilhada com Fidel de uma região unida perante as ameaças do Norte.

Embora sejam pouco conhecidas as primeiras referências de seu ideário aparecem antes do começo da insurreição na Serra Maestra.

Depois da adolescência, em março de 1953, Raúl viajou à Europa, para participar da Conferência Internacional acerca dos Direitos da Juventude, que teve lugar na cidade de Viena. Após voltar à Ilha, empreendeu viagem pelo velho caminho dos espanhóis até Caracas, com o único propósito de reverenciar o libertador Simón Bolívar, como fez anteriormente Martí perante sua estátua, em março de 1881.

Essa foi uma grande aproximação simbólica de Raúl do ideário de unidade continental e emancipação vislumbrado por Bolívar, que depois continuaria, durante seu desempenho à frente da Revolução Cubana, como ministro das Forças Armadas e depois presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros.

Che Guevara, Raúl e Fidel foram os protagonistas da vindicação de Cuba perante a oea, em 1959. Photo: Archivo

O semanário Granma Internacional partilha e tresanda o tempo, em algumas linhas, revelando os momentos mais relevantes da relação do general-de-exército com a Nossa América, através de seu pensamento e sua ação.

Santiago do Chile, Chile

24 de agosto de 1959

«A OEA é um organismo inamovível, inoperante, e por isso deve desaparecer».

(Declarações à imprensa na 5ª reunião de chanceleres da OEA, em Santiago do Chile).

Casa das Américas, Havana

11 de setembro de 1959

«…A melhor ajuda que hoje podemos oferecer a esses povos e o resto dos povos da América Latina é manter nossa Revolução, defendê-la dos ataques de todos seus inimigos, desenvolvê-la para cumprir seus grandes objetivos. Se a Revolução Cubana for derrotada ou desvirtuada, caso se fizesse perder seu caráter radical e profundo, as tiranias e os governos traidores se fortaleceriam através dos povos…».

(Conferência na Casa das Américas, Havana, Cuba).

Teatro Mariana Grajales, Santiago de Cuba

17 de setembro de 1961

«…Nossa causa é a causa de milhões de seres humanos. E respeito à América Latina, embora o processo histórico da humanidade seja inevitável e invariável, certamente poderia ser que a vitória e total consolidação de nossa Revolução possam aproximar enormemente e encurtar muito o caminho destes povos irmãos da América Latina; da mesma forma que se nossa Revolução fosse derrotada alongaríamos o martirologio desses povos irmãos, incluindo desta vez o nosso».

(Discurso com motivo da entrega de prêmios de emulação organizada pela Federação Geral dos Trabalhadores de Oriente, Cuba).

Revista Militar em San Antonio de los Baños

17 de abril de 1971

«…Hoje a face da América Latina não é a mesma de há dez anos. Perante a exploração imperialista os povos lutam e por diferentes formas e métodos encontram o caminho que os norteará à definitiva solução dos problemas do continente, simplesmente dois exemplos: Chile e o Peru».

(Discurso em uma Revista Militar, em San Antonio de los Baños, Havana).

Parada militar em Havana

2 de dezembro de 1972

«…Caso olharmos o contexto da América Latina, veríamos que mais de um país são os que começaram a dar cabo da condição metrópole todopoderosa dos Estados Unidos. Eles, que para evitar outra Cuba não hesitaram em enviar mais de 40 mil marines à pequena República da Dominicana em 1965, enfrentam-se hoje à incontida onda revolucionária que abala o continente e que se expressa nas mais diversas formas».

(Discurso no desfile pelo 16º aniversário do desembarque do iate Granma, Havana).

15º aniversário do triunfo da Revolução

2 de janeiro de 1974

«…Na América Latina, o imperialismo norte-americano fortalece sua santa aliança com as forças mais regressivas; age às escondidas para não aparecer publicamente; no entanto recruta e assessora novos carrascos e verdugos, como os gorilas brasileiros, os traidores do governo constitucional do Chile e os neofascistas do Uruguai».

(Discurso no ensejo do 15º aniversário do triunfo da Revolução Cubana).

Havana, Ministério do Interior

6 de novembro de 1992

«…Do que se trata agora é de difundir a terrível realidade da América Latina, por não falar de todo o Terceiro Mundo, para que todos tirem destes exemplos atuais qual é a fórmula macabra que o império nos quer impor».

(Palavras no ato pelo 30ª aniversário 30 da Contra-inteligência Militar, Havana).

Nueva Gerona, Ilha da Juventude

26 de julho de 1994

«…Esta associação (Associação dos Estados do Caribe, AEC) é integrada por 25 Estados independentes, Cuba e as outras Antilhas Maiores, as Antilhas Menores,

América Central, México, Colômbia e a Venezuela, bem como 11 membros associados, que são territórios dependentes, com uma população próxima dos 200 milhões de habitantes… É este um passo importante para o propósito de integração da América Latina, que foi o ideal de Bolívar e Martí e hoje é a causa pela que luta corajosamente nosso povo».

(Discurso no 41º aniversário do ataque ao quartel Moncada, na Ilha da Juventude).

Desfile pelo 50o aniversário do desembarque do iate Granma, Havana

2 de dezembro de 2006

«…A anexação econômica da América Latina por parte dos Estados Unidos através da ALCA foi derrotada, e surgiu para beneficio das massas despossuídas o projeto integrador da Alternativa Bolivariana para as Américas, ALBA, proposta pelo presidente e irmão Hugo Chávez».

(Discurso de comemoração do 50ª aniversário do desembarque do iate Granma).

Salvador da Bahía, Brasil

16 de dezembro de 2008

«…Antes que Cuba entre à OEA, e que me perdoe, não o secretário da OEA, meus cumprimentos, e talvez me reúna com ele, mas sim o político que é, a personalidade política, que é nosso amigo Insulza, primeiro, como disse Martí, “se unirá o mar do Norte com o mar do Sul e nascerá uma serpente de um ovo de águia».

(Discurso na Cúpula Extraordinária do Grupo do Rio, Costa de Sauípe, Salvador da Bahia, Brasil).

Caracas, Venezuela

2 de dezembro de 2011

«…A Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos é nossa obra mais prezada. Simbolicamente, consolida o conceito de uma região unida e soberana, comprometida com um destino comum».

(Discurso na Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), Caracas, Venezuela).

Panamá 2015

11 de abril de 2015

«…A Proclamação da América Latina e o Caribe como Zona de Paz significou um passo histórico (…) Desenvolver a unidade na diversidade, a atuação coerente e o respeito às diferenças continuará sendo nosso primeiro propósito e uma necessidade inadiável, porque os problemas do mundo se agravam e persistem grandes perigos e fortes desafios que transcendem as possibilidades nacionais e, inclusive, sub-regionais».

(Discurso na 7ª Cúpula das Américas, no Panamá).