O bloqueio dos EUA contra Cuba é um crime executado permanentemente

20/09/2018 22:10

No próximo dia 25 será instalada a 73ª Assembleia Geral da ONU. Na pauta estará, pela enésima vez, a proposta de suspensão do criminoso bloqueio imposto pelos EUA a Cuba desde 1962. 

Por Fernando Morais*

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Às vésperas da Assembleia Geral da ONU, democratas de todo o mundo devem se manifestar pelo fim do bloqueioÀs vésperas da Assembleia Geral da ONU, democratas de todo o mundo devem se manifestar pelo fim do bloqueio
O resultado da votação, por ser o de sempre, é previsível: excluídos Estados Unidos e Israel, os demais países membros votarão pelo fim do bloqueio. 

Mas o bloqueio prosseguirá, já que seu autor, Estados Unidos, não se sente obrigado a cumprir determinações da ONU. 

Três anos atrás, em dezembro de 2015, os povos civilizados celebraram, com razão, a decisão dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama de reatarem as relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, rompidas meio século antes.

A poderosa máquina de propaganda ianque, porém, vendeu ao mundo a falsa versão de que o aperto de mão de Raúl e Obama selava o fim do bloqueio econômico e zerava as contas dos Estados Unidos com Cuba. 

Não foi isso o que aconteceu.

É essencial repetir, reiterar e deixar claro que as relações entre os dois países só voltarão à normalidade quando os Estados Unidos tomarem três decisões:

1ª Decisão – Decretarem o fim do bloqueio econômico e de toda a legislação decorrente, como as leis Torricelli e Helms-Burton.

2ª Decisão – Fecharem a prisão de Guantánamo e devolverem a Cuba a área de 117 quilômetros quadrados, parte integrante do território cubano e hoje ocupada pela Base Aeronaval da USAF.

3ª Decisão – Transferirem ao Tesouro Cubano a cifra de US$ 822 bilhões (R$ 3,4 trilhões) como pagamento de indenização pelo prejuízo causado à economia cubana em mais de meio século de bloqueio e de agressões de diversas naturezas. Nesse valor não está incluído um só dólar de indenização pelas centenas de milhares de vidas de cubanos mortos, consequência de agressões militares e terroristas planejadas e/ou executadas pelos Estados Unidos.

Muita gente supõe, de boa-fé ou convencido pela propaganda americana, que o bloqueio é um ato simbólico, retórico, um reles pedaço de papel perdido na burocracia.

Nada mais equivocado. O bloqueio é um crime que vem sendo executado permanentemente contra Cuba por todos os últimos 11 presidentes dos Estados Unidos, de Kennedy a Donald Trump. 

Meus 40 anos de fraterno convívio com Cuba facilitam a lembrança de alguns casos concretos de como funciona o bloqueio.

Anos atrás Cuba decidiu adquirir trinta tomógrafos computadorizados para atender e modernizar os serviços de saúde oferecidos à população. O lote total, de fabricação japonesa, custara aos minguados cofres cubanos a respeitável quantia de US$ 3 milhões. 

Os aparelhos foram comprados, pagos, embalados... E permaneceram por meses e meses nos almoxarifados da fábrica, no Japão. Por que tanta demora na entrega de equipamentos de que a população tanto necessitava? A resposta tem uma única palavra: o bloqueio.

Segundo reza o bloqueio, qualquer navio, de qualquer bandeira, que atraque em Cuba estará proibido pelo período de seis meses de atracar em qualquer porto norte-americano – punição duríssima para qualquer empresa internacional de cargas.

O segundo caso diz respeito ao Brasil. Uma grande construtora brasileira, de cujo nome não me lembro – Odebrecht ou Andrade Gutierrez, talvez –, ganhou uma megalicitação internacional para duplicar o já gigantesco Aeroporto Internacional de Miami. Ocorre que a brasileira ganhadora tinha negócios na área de prospecção de petróleo em Cuba. 

De bloqueio em punho, os Departamentos de Estado e de Comércio anularam a licitação. A construtora recorreu, o caso atravessou gavetas de tribunais até parar na Suprema Corte dos Estados Unidos, que deu ganho de causa à empreiteira brasileira.

O terceiro caso é um exemplo de valentia de uma empresa espanhola de hotéis, a Meliá. Depois de instalar, em parceria com os cubanos, dezenas de hotéis na Ilha, a Meliá recebeu uma ameaça dos Estados Unidos: ou encerrava seus negócios com Cuba ou seria obrigada a fechar todos seus hotéis em território norte-americano. Ao contrário de muitos, que se acovardaram, a Meliá bateu o pé: se a escolha era entre Cuba e EUA, a empresa preferia permanecer em Cuba e fechar sua rede nos Estados Unidos. Os americanos fingiram de mortos e deixaram a Meliá em paz.

Às vésperas da Assembleia Geral da ONU, democratas de todo o mundo devem se manifestar. Pelas redes sociais, em tribunas e artigos. Não importa se você é ou não solidário com Cuba e sua Revolução.

O que importa, neste momento, é lutar para todos os povos, não apenas os cubanos, possam exercer seu direito à soberania e à escolha de seu destino, sem qualquer interferência, pressão ou agressão norte-americana.

Se você é contra a brutalidade do bloqueio, diga não aos Estados Unidos. Chega de ameaças, de agressões e de intromissões.

Temos a obrigação de defender o direito de Cuba e de todos os povos à sua autodeterminação.
Diga não ao bloqueio criminoso.