Médicos cubanos recebem homenagens em despedidas nos aeroportos

28/11/2018 00:04

Médicos e médicas de Cuba que trabalharam no programa Mais Médicos e deixaram o Brasil nesta segunda-feira (26) receberam homenagens nos aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo.

Na manhã de segunda-feira, profissionais de saúde, que integram a Rede de Médicas e Médicos Populares e representantes de movimentos sociais fizeram um ato de agradecimento aos profissionais que estão deixando o estado do Rio de Janeiro, que vive uma severa crise na atenção primária, com corte de verbas, redução de equipes e ameaças de demissão.

Também foi lido um manifesto assinado pela Associação Cultural José Martí do Rio de Janeiro (ACJM-RJ), Levante Popular da Juventude, Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc SN), Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e Comitê Internacional Paz Justiça e Dignidade aos Povos – Capítulo Brasil.


Leia abaixo o manifesto:

"Queridas médicas e queridos médicos de Cuba

É com grande admiração e respeito que viemos aqui prestar esta homenagem a vocês. Agradecemos, em nome do povo do Rio de Janeiro pelo trabalho e dedicação neste período em que vocês estiveram aqui, cuidando das pessoas como se fossem sua própria família. Distantes de seus pais e filhos, compartilharam das durezas que o cotidiano das desigualdades do Brasil pode gerar e ofereceram carinho, cuidado e amor ao povo que mais sofre. Não tenham dúvidas que as pessoas que vocês cuidaram e cativaram reconhecem toda a dedicação de vocês, por mais que as elites tentem negar isso. Como diria Dom Quixote: 'se os cães ladram, é sinal que avançamos'. E como essa burguesia ladrou. Definitivamente, vocês deixaram uma marca na vida de cada brasileiro e brasileira que conheceram vocês e entraram para a história pelo maior ato de solidariedade que o nosso povo já recebeu. 

Gostaríamos que o contexto da despedida fosse outro, que a nossa conjuntura política fosse outra.....mas estas são as asperezas da luta de classes, na qual temos muito a aprender com vocês. Ernesto Che Guevara disse que para escutar o clamor de um povo não é preciso estetoscópio, basta ter coração. Sintam, pois, no coração de cada um de vocês, a mais profunda gratidão por tudo o que fizeram pelo povo brasileiro. Com a certeza de que o futuro nos pertence, esperamos poder reencontrá-los, no dia que a nossa vitória chegar! 

Hasta la vistoria siempre ! " 


Assista trecho da leitura:
Os médicos cubanos também receberam uma placa da Comissão da Coordenação Estadual do Programa Mais Médicos para o Brasil e do governo do Rio de Janeiro, em agradecimento ao trabalho.
O embarque dos profissionais que trabalharam no estado de São Paulo começaram no último sábado e continuaram nesta segunda-feira (26). Mais de 1400 médicos e médicas trabalharam pelo programa no estado. 

À noite, movimentos sociais, organizações de solidariedade e lideranças políticas marcaram presença em ato de despedida no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

O criador do Mais Médicos, ex-ministro da saúde no governo Dilma, deputado e médico Alexandre Padilha escreveu em sua página no Facebook: "Obrigado, Cuba. ‬A mão que cuidou de tantas brasileiras e brasileiros é agora a mão que se despede. ‬ Quem sabe, um dia, espero eu, que seja também a mão do reencontro".

Falta de médicos 

Pelo menos 285 cidades e 36 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) ficaram sem médicos em equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), com a saída de profissionais cubanos. O levantamento foi realizado pelo Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). 

O governo cubano anunciou, no último dia 14, sua retirada do Programa Mais Médicos e a ruptura do convênio com o governo brasileiro. A decisão veio logo após declarações “ameaçadoras e depreciativas” do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). 

Os profissionais cubanos foram orientados pelo governo cubano a cessarem suas atividades em 20 de novembro, para organizar a saída por quatro polos de retorno: Brasília, Manaus Salvador e São Paulo. O primeiro grupo partiu da capital federal rumo a Havana em 22 de novembro. A previsão é que até o dia 12 de dezembro todos tenham regressado à Ilha.

Durante os cinco anos de duração do convênio entre Cuba e o Brasil, por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), para o provimento de médicos em vilarejos mais distantes e periferias do Brasil, mais de 20 mil profissionais trabalharam no país.

 
 

 Fonte: Vermelho

https://www.vermelho.org.br/noticia/317215-1