Fidel e Cienfuegos, amigos no jogo e na revolução

20/08/2016 01:25

 

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Camilo e Fidel prontos para defender Os Barbudos em campoCamilo e Fidel prontos para defender Os Barbudos em campo

De origem muito humilde, filho de um alfaiate e uma dona de casa, Cienfuegos sonhou em ser escultor, mas precisou largar os estudos para trabalhar. De zelador a pintor de paredes, fez de tudo para ajudar a família a ter uma vida mais digna e, como muitos cubanos pobres, morou nos Estados Unidos para trabalhar. 

Apesar de sua história completamente diferente da de Fidel Castro – um jovem de família abastada, formado em Direito e com uma herança garantida – ambos se tornaram amigos pouco antes do início da investida contra a ditadura de Fulgêncio Batista, em meados de 1956. 

Nos Estados Unidos Cienfuegos participou de movimentos sociais de imigrantes e devido à atuação política foi deportado. Primeiramente preso no México, e mais tarde enviado para Cuba, onde encontrou um país tomado por manifestações de trabalhadores e estudantes. 

Como sua família tinha certa inclinação à esquerda, não demorou para se inteirar do que se passava e buscou se integrar à luta revolucionária. Assim foi um dos últimos a entrar na Expedição Granma, rumo à Sierra Maestra com o objetivo de derrubar a ditadura. 

O que falam sobre Cienfuegos é que tinha um carisma ímpar e visão estratégica de combate como poucos revolucionários. Isso fez com que se destacasse na luta em Sierra Maestra. Com o triunfo da revolução, em 1959, foi nomeado Chefe de todas as Forças Armadas da província de Havana, um dos maiores cargos dentro do Exército, e chefe de Estado Maior do Exército Rebelde. 


Cienguegos e Fidel entram em Havana na festa da vitória | Foto: Alberto Korda 

Foi uma das primeiras pessoas a entrar em Havana na festa da vitória, junto com Fidel Castro. E trabalhou com afinco, durante os meses seguintes à revolução, no desenvolvimento do governo comunista. 

Em julho de 59, na festa de aniversário da criação Movimento M-26, Fidel convidou os camponeses de toda a ilha para Havana. Chegaram milhares deles com seus típicos chapéus de palha e facões presos à cintura. Cienfeugos tomou a frente da passeata “com seu sorriso e jeito de Jesus bem-humorado”, contou Alberto Korda anos mais tarde, e rapidamente se transformou no dirigente mais carismático de Havana. Depois de Fidel, era o mais popular. 


Em meio aos camponeses, é praticamente impossível encontrar Cienfuegos, ele se camufla com seu sombrero de palha | Foto: Alberto Korda 

Mas amizade entre Cienfuegos e Fidel ia além da política. Eram unidos também pelo basebol, ambos jogavam como lançadores no time “Os Barbudos”. Uma das histórias mais famosas dos dois é sobre uma partida entre o Polícia Nacional Revolucionária (PNR) e os Barbudos, composto pelos integrantes do Exército Rebelde. Diferente do esperado, Camilo entrou em campo com o uniforme de rebatedor e falou: “Yo no estoy contra Fidel ni em um juego de pelota” (Eu não estou contra Fidel nem em jogo de bola). Independente da cumplicidade, perderam de 3 a 0. 

Foi um bimotor Cessna que levou Cienfuegos para não mais voltar. Ele desapareceu em uma viagem entre as províncias de Camagüey e Havana em outubro de 1959. A população o procurou por dias, nunca foram encontrados, nem Camilo, nem o avião. 

Em 12 de novembro de 1959, Fidel fez um comunicado oficial na televisão anunciando o desaparecimento de Camilo, “el de sombrero alón”. 

Desde então, todos os anos no dia 28 de outubro, crianças havanesas rendem homenagem ao chefe do Estado Maior do Exército Rebelde, o mais carismático dos revolucionários, Camilo Cienfeugos. 
 

Do Portal Vermelho