Fidel Castro: 90 anos como exemplo para milhões no mundo

18/08/2016 00:52

 

Fidel Castro, em sua visita aos Estados Unidos, com o missionário indígena da tribo Creek de Oklahoma, W.A. ReifordFidel Castro, em sua visita aos Estados Unidos, com o missionário indígena da tribo Creek de Oklahoma, W.A. Reiford

O menino Fidel cresceu entre o verdor do campo, das mangas, ameixas, tamarindos e, sem explicações lógicas, ia quase todos os dias até o albergue onde estavam os haitianos que trabalhavam na fazenda, pois gostava de passar o tempo junto aos trabalhadores.

Seu caráter revolucionário começou a moldar-se com força; se indignava ante cada injustiça, e se envolvia sempre em defesa das causas justas, até que jurou tornar-se advogado para defender aos despossuídos.

Já na Universidade se tornou líder. Os estudantes o seguiam em suas ideias porque viam nele o defensor das boas causas, e quando, em 1950, se gradua como Doutor em Direito Civil e Licenciado em Direito Diplomático, se dedica fundamentalmente à defesa de pessoas e setores humildes e já é um revolucionário completo, que sofre a cada dia ante tanta afronta e opróbrio que o tirano de turno causava.

Um dia, só e em silêncio, tomou a decisão mais radical: ao governo havia que derrubá-lo com as armas. 

Então começou a buscar companheiros que pensassem como ele e planejaram em silêncio um golpe contra o tirano Fulgêncio Batista, até que chegou o Dia da Santa Ana, quando Santiago de Cuba desfrutava de seus carnavais, aquele 26 de julho de 1953.

Fidel: "seremos livres ou seremos mártires"

Na noite de 25 de julho, Fidel, reunido com os revolucionários, sentenciou: "Companheiros: poderão vencer dentro de algumas horas ou serem vencidos; porém, de todas as maneiras, ouçam bem, companheiros!, de todas as maneiras o movimento triunfará. Se vencemos amanhã, se fará em breve o que Martí aspirou. Se ocorrer o contrário, o gesto servirá de exemplo ao povo de Cuba, a tomar a bandeira e seguir adiante.

"O povo nos respaldará no Oriente e em toda a ilha. Jovens do Centenário do Apóstolo! Como no 68 e no 95, aqui no Oriente damos o primeiro grito de liberdade ou morte! Vocês já conhecem os objetivos do plano.

"Sem dúvida alguma é perigoso e aquele que saia comigo daqui nesta noite deve fazê-lo por sua absoluta vontade. Ainda estão a tempo para se decidir. De todas as maneiras, alguns terão que ficar por falta de armas. Os que estejam determinados a ir, deem um passo à frente. A palavra de ordem é não matar senão por última necessidade".

Naquele amanhecer de julho, o ataque ao quartel Moncada foi uma derrota militar, porém uma vitória política. Ainda que dezenas de combatentes foram assassinados, assinalaram o caminho para a liberdade.

Fidel, junto a outros 19 sobreviventes, tenta chegar até a Gran Piedra para continuar a luta. Depois de uma longa marcha para evitar numerosas barreiras militares e operações de rastreamento, são surpreendidos por uma patrulha de Batista, sob o mando do segundo-tenente Pedro Sarría Tartabull.

Ainda que a ordem que tinham era a de matar os prisioneiros suspeitos de terem participado no assalto, Sarría respeita a vida dos jovens gritando para seus subordinados: "Não disparem, não se mata as ideias".

Fidel foi preso com um grupo de sobreviventes e dois anos depois saiu do cárcere com uma sentença que cumpriria: "Em 1956 seremos livres ou seremos mártires".

Da guerrilha à Revolução

Assim se foi ao México e durante vários meses preparou uma expedição, que desembarcou nas costas do oriente cubano a 2 de dezembro de 1956, sob o assédio do exército que só umas horas depois, em Alegría de Pío, assestou um ataque demolidor contra os revolucionários, o qual obrigou a sua dispersão.

Depois, a guerrilha foi se rearmando e, depois de sua consolidação definitiva na Sierra Maestra como o Exército Rebelde, no oriente de Cuba, realizou a invasão para o ocidente e Fidel e seus homens se alçaram com o triunfo no primeiro de janeiro de 1959.

A partir desse momento Cuba e sua Revolução enfrentaram os momentos mais difíceis.

Fidel soube se impor com sua inteligência e decisão ante cada desafio: luta contra bandidos, Lei de Reforma Agrária, Lei de Reforma Urbana, Primeira e Segunda Declarações de La Habana, invasão por Playa Girón, a Crise de Outubro, imposição e recrudescimento do bloco econômico, comercial e financeiro; constantes planos de atentados, que somaram até o ano de 2007 um total de 638 tentativas de assassinato e ações terroristas.

Durante sua etapa como presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros presidiu missões oficiais cubanas em mais de 50 países e, entre 21 e 25 de janeiro de 1998, recebeu e atendeu durante sua estadia em Cuba ao papa João Paulo II.

De forma estratégica, Fidel dirigiu a participação de centenas de milhares de combatentes cubanos em missões internacionalistas em Argélia, Síria, Angola, Etiópia e outros países, e foi decisivo o aporte de Cuba ao triunfo sobre o Apartheid. Também impulsou e organizou o aporte de dezenas de milhares de médicos, professores e técnicos cubanos que prestaram e prestam serviços em mais de 40 países do Terceiro Mundo, assim como a realização de estudos em Cuba por parte de dezenas de milhares de estudantes desses países.

Lutador contra a hegemonia 

O líder da Revolução cubana consolidou os programas integrais de assistência e colaboração cubana em matéria de saúde em numerosos países de África, América Latina e Caribe, e a criação em Cuba de escolas internacionais de Ciências Médicas, Desporto e Educação Física e outras disciplinas para estudantes do Terceiro Mundo.

Fidel promoveu em escala mundial a batalha do Terceiro Mundo contra a ordem econômica internacional vigente, em particular contra a dívida externa, o desperdício de recursos como consequência dos gastos militares e a globalização neoliberal, e são notáveis seus esforços pela unidade e a integração da América Latina e do Caribe.

Também liderou a ação decidida do povo cubano para enfrentar os efeitos do bloqueio econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos desde há mais de 55 anos e as consequências no plano econômico da derrocada da comunidade socialista europeia, e promoveu o esforço tenaz dos cubanos para superar as graves dificuldades resultantes destes fatores, sua resistência durante o chamado Período Especial e o reinício do crescimento e desenvolvimento econômico do país.

A 31 de julho de 2006 Fidel Castro fazia a entrega de suas responsabilidades por razões de saúde, e segundo suas próprias palavras havia chegado um momento em que, devido a sua enfermidade, não podia continuar à frente do governo, pelo que decidiu transferir o poder ao primeiro vice-presidente cubano naquele momento, Raúl Castro.

Desde então, Fidel Castro tem se dedicado a escrever sobre temas mundiais, o qual reafirma que continua sendo um ativo participante na luta de ideias. Por sua autoridade moral, influi em importantes e estratégicas decisões da Revolução, e aos seus 90 anos segue sendo luz para milhões de pessoas em todo o mundo.


 

Fonte: CubaDebate