Declaração Final da XXVI Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba

11/02/2019 21:03
“No puede haber otra cosa que la unidad del pueblo si queremos ganar la gran batalla que se nos avecina” 
                                                                                                                             Ernesto “Che” Guevara

 

Em primeiro lugar, com todas as vítimas do tornado sofrido em 27 de janeiro, na cidade de Havana, a quem mandamos um forte abraço e muita força, ao tempo em que confiamos na capacidade do povo cubano e do Governo Revolucionário para superar essa tragédia.

Da mesma forma com que as tragédias meteorológicas nos invadem, por causa do câmbio climático, nos invade, também, o furacão do neoliberalismo. Nos encontramos em uma conjuntura em que o imperialismo começa uma nova ofensiva contra os governos de esquerda e progressistas em toda a região. Esse novo avanço, não só implica a volta às políticas criminosas, como a destruição do trabalho, a especulação financeira e a retirada do estado da garantia dos direitos fundamentais dos povos, como também implica uma violência patriarcal, LGBTfóbica, racista, xenófoba e fascista.

Esse novo processo tenta, através da destituição e perseguição dos ex-presidentes eleitos (como Lula, Dilma e Cristina), deslegitimá-los e neutralizar sua capacidade política. Esses novos governos neoliberais realizam, também, uma perseguição às e aos dirigentes populares, sendo tão cruéis que, não apenas os prendem, como os assassinam.

Em março, completará um ano do assassinato da vereadora e militante Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido no Brasil, vinculado à família do presidente fascista eleito Jair Bolsonaro. No Chile, consideramos os casos de perseguição e assassinatos de ambientalistas e membros do povo mapuche. Emblemáticos são os casos de Macarena Valdez, Alejandro Castro e do líder comuneiro Camilo Catrillanca, perpetrado por parte de carabineiros. No caso da Argentina, o encarceramento ilegal do povo mapuche, de Santiago Maldonado, Rafita Nahuel e dos companheiros da CTEP. Este panorama mostra a cara da estratégia a nível regional, com o poder judicial como cúmplice, que tenta deslegitimar nossos líderes e espalhar o caos no povo.

O terrorismo midiático, através de seus conglomerados comunicativos, atenta constantemente contra os governos progressistas e os movimentos populares, ocultando as consequências materiais das políticas neoliberais e atacando o protesto popular, como método de resistência dos povos.

Os movimentos sociais e populares são atores fundamentais e necessários para a resistência. Reconhecemos a luta do movimento de economia popular e informal, que sendo os excluídos, resiste e cria seu próprio trabalho. Por outro lado, a luta do movimento feminista, que coloca em disputa a cultura patriarcal em todos os espaços e a luta LGBT, que questiona as identidades de gênero forjadas. Saudamos também a luta por terra, moradia e direito à cidade, pressionada pela reprodução do sistema capitalista, que é incompatível com o acesso a esses direitos. Ademais, nos fortalece o movimento negro, pioneiro da resistência contra uma lógica escrava de exploração; o movimento trabalhista sindical organizado que resiste à destruição dos direitos dos trabalhadores e constrói a unidade da classe trabalhadora; os povos originários, que pleiteiam outra forma de resistência cultural na hora de pensar o trato com a terra e os seres humanos; e a juventude, que luta com força e esperança nesse contexto.

Essa conjuntura nos leva a compreender e assumir duas estratégias simultâneas, com viés anti-imperialista a regional: por um lado, a mobilização social consciente como forma de visibilizar e impedir o saque de direitos; e, em segundo lugar, o trabalho organizado nas redes sociais para contestar as fake news (notícias falsas) e a desinformação dos grandes grupos midiáticos. 

Respaldamos as eleições próximas que se realizarão tanto na Bolívia, como na Argentina e Uruguai, necessárias para frear o avanço do neoliberalismo.

Entretanto, as eleições não são nossa única trincheira hoje, mais do que nunca é necessário reforçar os espaços de construção de poder popular. Potencializando a organização popular, com perspectivas de luta, disposta a disputar desde baixo a emancipação dos nossos povos. Devemos ter a capacidade de demonstrar na prática que outro mundo é possível, como vem fazendo Cuba desde a Revolução, que celebra seus 60 anos.

Solidarizar com o povo cubano é contribuir para a luta pelo socialismo. Como brigadistas, reafirmamos que Cuba é referência, segue sendo nosso sul e o horizonte que nós, povos ao sul do Rio Bravo e do mundo inteiro, temos. Agradecemos o ensinamento teórico e prático que Cuba nos dá. Condenamos o bloqueio criminoso do governo estadunidense contra o povo cubano e exigimos a devolução do território ocupado ilegalmente em Guantánamo desde 1903. Apoiamos o voto pelo sim no referendo da reforma da constituição cubana. Condenamos a ingerência do imperialismo em toda a região, como na Nicarágua e, particularmente agora, em nossa irmã República Bolivariana da Venezuela.

Nos comprometemos a aumentar, consolidar e fortalecer o movimento de solidariedade com o povo cubano, dado o testemunho de amor, coragem, força e fogo que tem os cubanos e cubanas em suas lutas e em seus corações.

O inimigo é claro e avança sem trégua em todo o território. O tempo histórico em que nos encontramos exige que nos coloquemos a altura das circunstâncias para poder criar uma resistência coordenada e precisa para fazer frente a esta investida. A busca da unidade é uma exigência necessária para isso, implica deixar de lado vaidades individuais, recriadas pela cultura neoliberal, que nos impede de gerar uma unidade autêntica, sincera e fraterna, tendo uma ética como coluna vertebral, como disseminava Fidel. Finalizando, encerramos com a frase do teólogo e professor Frei Betto: “Guardemos o pessimismo para tempos melhores”.

Pela união latino-americana e da Pátria Grande!

Lula Livre!

Venezuela Resiste!

Milagro Sala Livre!

Marielle Presente!

Justiça para Camilo Catrillanca!

Viva Fidel, El Che, Camilo e Martí!

Viva Cuba Socialista!

Pátria ou Morte!

VENCEREMOS!