Decisão nos EUA expõe incongruência do embargo a Cuba

07/07/2010 21:24

Uma decisão da Comissão de Agricultura da Câmara dos Representantes norte-americana, anunciada na semana passada, voltou a alimentar a polêmica dentro dos Estados Unidos em relação ao embargo comercial a Cuba.

Por 25 votos contra 20, os membros da comissão aprovaram um projeto de lei bipartidário que acaba com as restrições de viagens de americanos a Cuba e amplia o comércio de produtos agrícolas com a ilha.

 

Ao comentar a decisão, o presidente da comissão, o deputado democrata Collin Peterson, disse que era um passo "corajoso" para acabar com "a política fracassada que limita o acesso da agricultura americana ao mercado cubano".

 

A comissão disse ainda que a lei deverá expandir o comércio agrícola americano e criar empregos e tem o apoio de 140 organizações agrícolas, empresariais, religiosas e sociais. O argumento de Peterson é o de que os Estados Unidos tentaram isolar Cuba por 50 anos, sem sucesso, e que talvez o aumento do comércio pudesse encorajar "o progresso democrático".


Mas a decisão foi recebida com irritação pelos que são a favor do embargo a Cuba. O deputado republicano Tom Rooney, da Flórida, ecoou a posição de muitos dos apoiadores do embargo ao dizer que retirar a restrição de viagens injetaria "milhões de dólares" no governo cubano, justamente no momento em que o regime de Castro está, segundo ele, "à beira do colapso".

O presidente Barack Obama já adotou algumas medidas para melhorar as relações com Cuba, como a suspensão de restrições a visitas de cubanos americanos e ao envio de dinheiro para familiares que moram na ilha.


Mas a posição do governo americano é de que, antes de suspender o embargo, é preciso que "Havana demonstre algum tipo de avanço em questões ligadas à democracia e aos direitos humanos".

Apesar de ter sido recebida com reações fortes de ambos os lados, a decisão desta semana ainda está longe de representar um desfecho para a questão do embargo a Cuba. Antes de virar lei, o projeto ainda precisa passar pela Comissão de Relações Exteriores antes de chegar ao plenário e também deve ser votado no Senado.


Fonte: BBC