Cuba terá embaixador dos EUA após mais de meio século

04/10/2016 00:43
  


A informação foi confirmada nesta quarta-feira (28), seis meses após a histórica visita de Obama à ilha, que se tornou o primeiro mandatário norte-americano a pisar em solo cubano em quase 90 anos. Durante a visita, ele se encontrou com o presidente Raúl Castro, mas não com o irmão e líder da Revolução Cubana, Fidel Castro. O último presidente a visitar Cuba tinha sido John Calvin Coolidge Jr. no final dos anos 1920.

A indicação de um novo embaixador em Havana é mais um passo de reaproximação entre os dois países, que anunciaram que retomariam as relações em 17 de dezembro de 2014, depois de meio século de desavenças políticas e graças a mais de 18 meses de negociações secretas mediadas pelo papa Francisco e pelo governo do Canadá. Em julho do ano passado, os dois países reabriram suas respectivas embaixadas e, desde então, uma série de medidas foram tomadas, como a retomada de voos comerciais e a navegação de navios de cruzeiros. No entanto, os EUA ainda não retiraram o embargo econômico a Cuba.

Nova edição da Comissão Bilateral

A quarta sessão da Comissão Bilateral Cuba-Estados Unidos terá lugar nesta sexta-feira (30), em Washington, para rever os resultados alcançados e o trabalho realizado nos últimos quatro meses, depois do último encontro, em 16 de maio, em Havana. A informação foi divulgado pelo vice-diretor geral para os Estados Unidos da chancelaria cubana, Gustavo Machín. 

O diplomata afirmou, em uma entrevista coletiva no Ministério das Relações Exteriores em Havana, que também serão acordados os próximos passos que darão as partes no resto do ano para avançar no processo de melhoria das relações entre ambos os países.

Durante a reunião, a delegação cubana, que estará encabeçada pela diretora-geral para os Estados Unidos, Josefina Vidal, exporá "os poucos avanços alcançados na esfera econômica comercial, como resultado da vigência do bloqueio", e reiterará que as medidas tomadas pela administração do presidente Obama, apesar de serem "positivas", ainda são "insuficientes e limitadas", sustentou Machín.

Nesse sentido, exemplificou que ainda existem "significativas restrições" para as exportações dos Estados Unidos para ramos chaves da economia cubana. "São muito poucos os produtos da Ilha que podem ser exportados para os Estados Unidos, e não se autorizam investimentos desse país em Cuba, salvo no setor das Telecomunicações", referiu.

Sobre este tema detalhou que "tampouco existem relações bancárias normais entre ambos os países ao não autorizar-se a abertura de uma conta correspondente de bancos cubanos em instituições financeiras estadunidenses. Devemos insistir, apesar da autorização dos financiamentos e do uso do dólar estadunidense — que foi parte do pacote de medidas anunciado em março passado — que Cuba ainda não pode nem receber créditos, nem realizar pagamentos a terceiros ou fazer depósitos em efetivo nessa moeda", sustentou Machín.

Ele comentou ainda que a comitiva cubana que assistirá a esta nova edição da Comissão Bilateral insistirá nos outros temas sem os quais "não podemos falar nem conceber relações normais entre ambos os países: a devolução do território ilegalmente ocupado pela base em Guantánamo; pôr fim à política migratória preferencial para os cidadãos cubanos e eliminar outras políticas que são daninhas e que afetam ao nosso país".

A delegação estadunidense será copresidida pela secretária adjunta de Estado para Assuntos Hemisféricos, Mari Carmen Aponte, e o diretor do Gabinete de Planificação de Políticas do Departamento de Estado, Jonathan Finer. A Comissão Bilateral foi criada em agosto de 2015 como um me­canismo para acompanhar os vínculos entre os dos países, após o restabelecimento das relações diplomáticas. Sua primeira reunião foi em 11 de setembro, na capital cubana.

Machín indicou igualmente que como parte dos objetivos alcançados até o momento está o reatamento dos voos regulares dos Estados Unidos a vários destinos de Cuba; bem como os dois workshops sobre temas bancários financeiros efetuados tendo em conta as limitações das medidas adotadas pelo governo estadunidense nesse setor.




 

Do Portal Vermelho, com informações da Agência Brasil e do Granma