Cuba: O Papa se foi e os Estados Unidos ficaram mais sozinhos

31/03/2012 02:03

“Sabemos que Cuba tem que mudar e estamos fazendo isso. Mas quando vão mudar os Estados Unidos, com seu bloqueio que nos sufoca? Oxalá Bento tenha algo para dizer a eles também”, responde à agência Reuters Maritza Álvarez, uma empregada estatal de 40 anos que esperou desde a madrugada para ter um lugar nas primeiras fileiras para assistir a Missa rezada pelo Papa Bento XVI na Praça da Revolução José Martí em Havana.


 

Praça da Revolução durante a missa de Bento XVI/ Foto: Ismael Francisco - Cubadebate


E o Papa agradou a Maritza, à imensa maioria dos cubanos e muitas pessoas do mundo. Bento XVI se referiu, em suas palavras de despedida que as “medidas econômicas restritivas impostas de fora do país pesam negativamente sobre a população”.
 

O governo dos Estados Unidos e sua política de perseguição e subversão contra Cuba foram os grandes derrotados da visita papal. As imagens da presença massiva, respeitosa e alegre de centenas de milhares de cubanos nas atividades públicas do Sumo Pontífice barraram o discurso demonizador sobre a ilha que porta-vezes de Washington – com o apoio dos grandes meios de comunicação – multiplicaram em datas próximas à viagem.

Enquanto a grande imprensa buscava respostas dogmáticas dos dirigentes cubanos aos pronunciamentos do Papa, o presidente Raúl Castro, convertia suas intervenções durante a visita em plataformas para expor os pressupostos éticos e humanistas da Revolução cubana com argumentos sobre o trabalho social feito por ela dentro e fora do país, em meio ao clima de agressão em que teve que se desenvolver, além das transformações em curso para fazer de Cuba um país mais livre e próspero.

Para maior frustração dos que esperavam que o Sumo Pontíficie deixasse uma Cuba dividida, a visita do sucessor de Pedro contribuiu para aprofundar a unidade dos cubanos. Além das fronteiras da ilha, o pedido feito pelo líder histórico da Revolução, Fidel Castro, - ao anunciar que se encontraria com o Papa -, a cristãos e marxistas a “lutar juntos pela justiça e paz entre os seres humanos”, saltava sobre as barreiras da doutrina para colocar em primeiro lutar a urgência de enfrentar os perigos que colocam em risco nossa espécie.

Cuba é o terceiro país latino-americano visitado por Bento XVI em seu pontificado, os outros dois foram os gigantes Brasil e México. Diferentemente do governo estadunidense, a Igreja Católica, com sua sabedoria secular, viu em sua relação com a Ilha uma via para fortalecer sua interlocução com a América Latina em um momento em que o isolado do subcontinente é cada vez mais os Estados Unidos, como se verifica ao redor da Cúpula das Américas que será realizada no próximo mês em Cartagena das Índias, na Colômbia.

Obcecado com sua política de “mudança de regime” para Cuba, Washington alimentou provocações e tentou pressionar o Vaticano às vésperas da visita, mas após a saída do Sumo Pontífice de Havana, ficou claro que são os pressupostos da política estadunidense para a Ilha que devem ser modificados. O que adiantou o correspondente nos Estados Unidos do diário mexicano La Jornada e de fato se provou: “a viagem do Papa Bento XVI a Cuba na próxima segunda-feira (26) é motivo de uma série de manobras de diversos setores estadunidenses por uma mudança em Cuba, mas para outros revela que Washington é o que fracassou em sua intenção de mudar”.

Fonte: CubaDebate
Tradução: Da Redação, Vanessa Silva