Cuba: Raúl sinaliza "atualização do modelo econômico" sem pressa

28/12/2009 14:11

A abertura econômica de Cuba deve ser feita sem pressa nem improvisos, apesar do crescimento de 1,4% neste ano. Foi o que disse o presidente Raúl Castro neste domingo, no encerramento da segunda e última sessão da Assembléia Nacional em 2009, com um discurso centrado nas relações com os Estados Unidos e nos problemas e perspectivas da economia do país.

"Limito-me, por ora, a expressar que na atualização do modelo econômico cubano, questão na qual se avança com um enfoque integral, não pode haver espaço para os riscos da improvisação nem para a pressa", afirmou o presidente. Ele disse ter consciência das "expectativas e honestas preocupações dos cubanos quanto à velocidade e profundidade das mudanças". Alertou também que 2010 será um ano difícil e serão mantidas as restrições financeiras derivadas da crise.

Neste ano, o governo cortou o orçamento e reduziu o consumo de energia. Um dos mais populares benefícios concedidos aos trabalhadores, os refeitórios em alguns centros de trabalho, foi substituído por um subsídio alimentar.

Segundo balanço apresentado pelo ministro da Economia, Marino Murillo, Cuba registrou crescimento de 1,4% em 2009, abaixo dos 6% previstos. Os investimentos diminuíram 16%, as exportações de bens e serviços caíram 22,9% e as importações diminuíram 37,4%, enquanto a agricultura cresceu 4,5%, o transporte, 4,6%, os serviços, 4%, e a indústria 2%.

Segundo ele, a queda do preço internacional do níquel, principal produto de exportação, teve um impacto negativo para a economia, pois esperava-se vendê-lo este ano a US$ 12 mil a tonelada, mas o preço foi de US$ 10 mil. Também houve redução nas rendas do turismo, mas as cifras não foram informadas.

O ministro argumentou que o crescimento modesto da economia, o menor em sete anos, se deveu ao impacto da crise internacional, aos danos causados pelos furacões, que causaram prejuízos de 10 bilhões de dólares, e ao bloqueio dos Estados Unidos.

Sobre o norte-americano detido no último dia 5 em Cuba, Raúl Castro acusou o governo de Barack Obama de tê-lo enviado para fornecer à oposição cubana meios sofisticados de comunicação.

"Ele se dedicava a fazer o abastecimento ilegal de sofisticados meios de comunicação via satélite a grupos da 'sociedade civil' que os Estados Unidos querem formar contra nosso povo", afirmou o presidente, que disse ver neste fato uma prova de que o "inimigo está tão ativo quanto sempre".

A única informação sobre o caso foi fornecida esta semana pelo Departamento de Estado em Washington, que afirma ter pedido reiteradamente às autoridades cubanas que permitam acesso consular ao detido, cujo nome não foi revelado. Ele trabalhava para a empresa Development Alternatives (DAI), que opera na ilha dede 2008.

Raúl denunciou um aumento das políticas de Washington contra o regime cubano e reiterou sua oferta de "diálogo respeitoso" com o governo de Barack Obama e "a sincera vontade de Cuba de solucionar definitivamente a diferença" bilateral. Ressaltou que, após um ano de mandato, o governo Obama ignora as reivindicações dentro e fora de seu país por uma mudança de política em relação a Cuba.

O governo cubano também confirmou que 41 pessoas morreram na ilha por causa da pandemia da gripe A, a maioria por problemas crônicos. Em seu discurso na Assembléia, Raúl Castro disse que foram registrados 973 casos e qualificou de "bem-sucedido" o plano de enfrentamento iniciado no país para prevenir a propagação da doença. Advertiu ainda que a chegada do inverno e o aumento das visitas de turistas demandarão "a intensificação" das medidas preventivas contra a pandemia.

Da Redação, com informações do Opera Mundi