Carta de Maruchi Guerrero, irmão de Tony, um dos heróis cubanos presos nos EEUU

21/04/2009 18:31

Desde sábado, 17 de março, encontro-me no Colorado, em companhia de meu sobrinho Tony, para visitar meu irmão na prisão de Florence. As visitas são nos fins-de-semana, sexta, sábado e domingo. Já estivemos juntos por dois fins-de-semana e desfrutamos muito desses encontros. Meu irmão está bem fisicamente, sua saúde é boa e ele demonstra muito otimismo e força com a expectativa de um novo processo perante a Corte Suprema.

Durante as visitas, anoto tudo em minha mente pois não nos é permitido ter nem um pedaço de papel e lápis. Apesar da tensão do ambiente, meu irmão Tonito sempre conta piadas e todos rimos. Até cantamos algumas canções de nossa juventude, dos dois irmãos, é claro. Aos sábados e domingos, aparece um oficial munido de câmera fotográfica para fazer fotos que guardamos como recordação.

A prisão de Max de Florence tem um regime muito rígido, que endureceu ainda mais desde o ano passado devido a faltas disciplinares graves e, segundo o regulamento, os justos pagam pelos pecadores. O Tony, naturalmente, tem uma conduta excelente, continua dando aulas de matemática, inglês e espanhol para outros presos e, baseado em sua conduta, deseja ser transferido para outra prisão.

Todos sabemos quão escassas são as probabilidades de que isso aconteça, uma vez que, neste caso, não valem a lei nem a razão, o que prevalece são o ódio e a vingança política.

Por outro lado, Tony prossegue com seus projetos de pintura e de poemas cheios de amor e de firmeza, o que o ajuda muito a manter sua mente ocupada, brindando sua arte autodidata a quem a achar útil.

Tony também responde, paulatinamente, as centenas de cartas de Cuba e de outras partes do mundo que recebe diariamente.

É claro que, em cada um de nossos encontros, vocês estão presentes, os amigos solidários que nos acompanham nesta luta há mais de 10 anos e que significam a maior esperança de alcançarmos a justiça. Conversamos sobre as atividades, as ações que realizam, nossa comunicação com vocês e entre vocês e os demais presos cubanos, porque vocês representam o que há de maias importante neste esforço por seu regresso. Se não tivéssemos tantos e tantos amigos solidários, não teríamos a esperança de que se faça  a justiça, por isso, nestes momentos em que o caso se encontra pendente de uma decisão da Corte Suprema sobre se aceita ou não o pedido de revisão, necessitamos redobrar nossos esforços.

Também devemos continuar exigindo o direito de visto para os seus familiares, principalmente para Adriana Pérez, esposa de Gerardo. Eles não se vêm há mais de 11 anos e o visto lhe foi negado nove vezes. O mesmo ocorre com Olga Salanueva, esposa de René. Isso viola todas a leis e regulamentos dos Direitos Humanos.

Em nome de nossa família e dos cinco, agradecemos infinitamente aos amigos de todo o mundo por sua dedicação a luta pela libertação de Tony, René, Fernando, Gerardo e Ramón, especialmente em nome de minha mãe, que luta todos os dias por seu regresso, para ter seu filho em casa.
A luta é diária e temos que fazê-la valer nos EEUU.